sexta-feira, 15 de abril de 2011

Roda de Mês do Contra-mestre Canela 19:30

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Mestre Pastinha, 122 anos!

A capoeira Angola remete ao passado do povo brasileiro de bem mais de 400 anos atrás, quando começaram a chegar ao Brasil os primeiros negros africanos nas fazendas. Desde fazendas de cana da bahia ao Quilombo do Palmares, Zumbi e o Rei Ganga Zumba em Alagoas até a Bahia com Besouro, o samba e política das vilas e favelas no Rio de Janeiro, com suas "maltas" de capoeiristas.
O governo do Brasil republicano teve medo da organização do negro liberto e por isso fez da capoeira um crime. Mas nossa raça que se formou com essa mistura de crenças mostrou que não teve amarras que segurassem a nossa Capoeira e nem fronteiras! A herança cultural é um tesouro, a capoeira Angola é um tesouro! Segue as palavras do Mestre Barba Branca:
"A capoeira angola tem a ver como formação do ser humano, o carácter. Você sempre tem que se defender do opressor, e gostar dele, mostrando que não é o mal que vai prevalecer. Se ele cair, lhe estenda a mão.
A capoeira Angola é a primeira, quem germinou, a capoeira mãe. Tem quem pense que descer pro jogo de baixo é ser angoleiro. Mas não é só jogar em cima ou embaixo, a postura é muito diferente, tem outras coisas. A maneira de ver o mundo, o sentimento, a personalidade. A malícia e os recursos da esperteza. Em roda de angola dificilmente tem briga, velhos e novos se respeitam. Na realidade a capoeira nasceu pra defesa, uma arma conta o capitão do mato e o senhor do engenho. Não fois criada pra machucar, ou pra gladiatores"


PARABÉNS MESTRE PASTINHA. 122 ANOS DE SEU NASCIMENTO! NÓS SOMOS GRATOS!



PERFIL MESTRE VICENTE FERREIRA PASTINHA - Mais conhecido por Mestre Pastinha, nascido em 1889 dizia não ter aprendido a Capoeira em escola, mas "com a sorte". Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno Pastinha no jogo, ainda garoto. Em depoimento prestado no ano de 1967, no 'Museu da Imagem e do Som', Mestre Pastinha relatou a história da sua vida: "Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de tristeza." A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência.
"Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui". Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o africano seu professor. "Ele costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele sabedor do que você sabe (…). Na última vez que o menino me atacou fiz ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito."
Foi na atividade do ensino da Capoeira que Pastinha se distinguiu. Ao longo dos anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade. Foi o maior propagador da Capoeira Angola, modalidade "tradicional" do esporte no Brasil.
Em 1941, fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, na Bahia. Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senai.
Em 1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra a violência, o Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Em 1965, publicou o livro Capoeira Angola, em que defendia a natureza desportista e não-violenta do jogo.
Entre seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, Curió, Bola Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre muitos outros que ainda estão em plena atividade. Sua escola ganhou notoriedade com o tempo, frequentada por personalidades como Jorge Amado, Mário Cravo e Carybé, cantada por Caetano Veloso no disco Transa (1972). Apesar da fama, o "velho Mestre" terminou seus dias esquecido. Expulso do Pelourinho em 1973 pela prefeitura, sofreu dois derrames seguidos, que o deixaram cego e indefeso. Morreu aos 93 anos.
Vicente Ferreira Pastinha morreu no ano de 1981. Durante décadas dedicou-se ao ensino da Capoeira. Mesmo completamente cego, não deixava seus discípulos. E continua vivo nos capoeiras, nas rodas, nas cantigas, no jogo. "Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento:
"Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."